A Cura

Estava tão Ansiosa. Entro na sala e escuto: "Olha Jessica, não tem cura". Indignada minha resposta é: "Dra não estamos falando de cura do Amor, tem que ter um jeito"... Mas ela foi tão desanimada que só me resta aceitar meu destino de "Chokito maquiada". Pelo menos, como diz meu irmão, nunca hei de me sentir só. 

Andando nas ruas da Lapa esbarrei em um moço, ele usava uma blusa de frio Preta e Amarela, imediatamente me fez recordar uma que usei no frio de Junho. Sábado, sol brilhando, e meu corpo na falta de ir até o fim da Estação da Linha azul. Mas essa falta se torna calmaria, quase um alivio levando em conta a volta de tristeza, incertezas do meu coração atravessando a catraca da Barra. É quando chego a conclusão que devo esquecer também as Estações. 




Sei que me amou apenas no contato, no visível e em toques, no exposto, embaixo dos lençóis. Sobre risos e conversas, músicas. E eu? E eu... Com a mente, no interno, no inferno dos pensamentos, com borboletas no estômago, imaginando e em meus sonhos. Distraída e meio doida. 
Não há culpados. 
Cada um deu aquilo que tinha. O que convém. 
Temos desejos diferentes. 
Hoje o que me resta é rogar em alta voz um perdão para nossas diferenças... 


Vou parar de ostentar gestos robóticos e frios, frases de gelo, silêncios. Quero deixar de ser um ser indiferente. O que sinto está se tornando menos poético dentro de mim. Talvez eu tenha amadurecido, só é preciso brecar para não apodrecer. Busco aquietar os meus passos, é o que tento fazer. Quando respiro ainda dói. "O amor, vai te contar um segredo... Não precisa ter medo, nem sair correndo" 🎧 Parece pegadinha. 


Parando pra pensar, encontrar um Amor sóbrio deve ser muito sem graça. O mais maluco e puro que encontrei ficou grudado nas linhas de um caderno velho, na minha adolescência em 2007. Eu achei que ele era a cura para todos os males, até para minhas espinhas. Mas o Amor não cura nada, inventa outras doenças. Eu acreditava em um ser soberano. Que enxugaria minhas lágrimas. Que me levaria para longe de demônios. Acabei descobrindo que esse ser soberano sou Eu, e que os demônios fazem parte de mim. Eu que tenho o poder de afastá-los. 
Nunca encontrei alegria nas bebedeiras, nem nos cigarros e tenho depressão pós-orgasmo. Eu só esperava que o Amor me curasse. Mas por ele sempre estou em fase terminal. O zuado é que amo assim mesmo, é um saco. Isso que é o Amor. 


Tento arrebatar minha dor forçando risos e brincadeiras. Dizendo: "Eu não me importo". Mas a verdade é que procuro um colo. Que descongele meu coração. Quero alguém que vá embora, mas que eu não saiba disso. 



Os seus olhos castanhos nunca serão apagados da minha memória. Você me olhava estranho sobre a meia luz do quarto. Vou me lembrar do som barrando aquela parede verde. Vou lembrar nossas mãos entrelaçadas como dois apaixonados. Tive apenas uma amostra grátis e não me dei conta. Você estava ali, e eu estava em você. 
Seu abraço final sempre deixa hematomas na minha alma. 

"Olha Jessica, não tem cura".




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